Capítulo 03
Flechada certeira.
As crianças brincavam em um pátio de pedra, uma
bela fonte se encontrava ao centro deste pátio, jogavam bolas distraídas, se
divertindo.
Seus pais estavam distraídos, conversando e comendo em suas
varandas, seus filhos estavam brincando felizes, e nada de ruim acontecia a
cidade, até agora.
Um homem com um chapéu preto e capa preta se aproxima das
crianças, aparentemente não as assustava, porque logo estavam conversando com o
homem, o homem mostra um pirulito em forma de caracol, aqueles coloridos que
todas as crianças adoram, e vai seguindo para a sombra de um beco, ao pisarem
na sombra o homem juntamente com as crianças desapareceram.
Os pais das crianças foram dar falta delas ao entardecer, mas
nada poderia ser feito, ninguém vira nada, elas simplesmente desapareceram.
Noé e Uriel entram na cidade que deveriam ir, pois o feitiço de
Noé não detectara nada de estranho, isso era preocupante, diga-se de passagem.
Andavam pelas ruas, olhando em volta, nada parecia fora do
comum, até o primeiro grito ser ouvido a alguns metros de sua localização. Com
o arco em mãos e a flecha já pronta a ser disparada Noé e Uriel seguem o grito,
ao dobrarem o beco, algo passa por eles acertando Noé em cheio e o jogando
contra uma parede, Uriel saltara no momento certo e evitara a colisão com o que
fosse que passou por ali.
_Você está bem? Uriel vai até Noé para ajudá-lo.
_ Aparentemente sim, mas acho que trinquei uma costela, o que
era aquilo, parecia ser grande, e acredite bem forte, pude sentir a pancada.
Noé afaga a cabeça onde doía um pouco.
Uriel buscava no escuro alguma coisa que se movimentasse, mas
nada.
_ Vou analisar a área novamente, agora tem algo fora do normal
com toda certeza.
Retirando novamente a joia opala de sua bolsa e colocando na
palma de sua mão, Noé recita umas palavras e um pulso de energia é gerado,
percorrendo toda a cidade, mas nada fora detectado como anormal.
_ Isso só pode ser brincadeira, aquilo não era humano, não
poderia ser!
_Pelo visto ele pode ocultar sua presença. Fala Uriel, após
refletir por breves momentos. _ Da mesma forma que minha magia confunde meu
ser, talvez seja isso, por isso não pode ser localizado.
Noé concorda com a dedução, e começa a pensar em alguma coisa
para quebrar a magia do ser em questão.
_ Me dê um tempo, tem uma coisa que posso tentar, mas preciso de
tempo.
_ Quanto tempo?
_ Não sei ao certo, mas preciso de tempo.
Uriel fica confuso, por não ter uma explicação.
_ Tudo bem, vou proteger você, faça que tiver que fazer, vou dar
cobertura.
Outro grito, desta vez de uma mulher pudera ser ouvido, não
estava longe. Uriel olha para Noé e o mesmo indica que poderiam andar enquanto
ele preparava seja la o que fosse.
Noé segurava uma flecha, e recitava palavras, a flecha ia
adquirindo um brilho prateado.
_ Estou quase terminando, espero que funcione.
Chegaram em uma viela da cidade, escura e sombria, algo se
movimentava nas sombras, em uma das paredes na curva a frente estava Noé, suado
e arfante, devido ao uso extremo de sua magia e a pancada recebida
anteriormente, olhando com cautela pelo caminho que devia ser seguido. Seus
olhos adquirem um tom de roxo e olha para as sombras, não consegue ver nada
além de pessoas dormindo em suas camas dentro das casas. Se sua visão de calor
não detectou, isso significava que não era humano, seus olhos retornam ao azul
natural, ele ajeita os óculos, empunha seu arco e puxa uma flecha da aldrava, a
flecha que encantara. Posiciona a flecha no arco e atira contra a escuridão,
uma forte luz é liberada no momento que a flecha acerta algo, uma enorme sombra
é projetada, e Noé consegue ver do que se tratava, um trasgo das sombras
perambulava por ali.
Uriel toma frente rapidamente, conjurando uma lança de gelo e
arremessando contra o trasgo. Noé lança outra flecha e nela está amarrada um
tipo de pergaminho, ao acertar o trasgo um selo mágico se projeta ao chão, o
trasgo estava preso.
A lança de gelo de Uriel é quebrada com os punhos do trasgo, a
criatura solta um urro enfurecido. Uma espécie de chama negra começa a se
formar na boca da criatura, pronta a atacar.
_ URIEL CUIDADO!
Com o aviso de Noé, Uriel coloca as mãos a frente do corpo e
conjura um escudo de gelo, o trasgo solta a baforada negra, o escudo começa a
se dissolver, e uma névoa de veneno começa a encher a viela.
_ Não respire, isso é veneno!
Uriel segura sua respiração, mas não iria aguentar muito tempo,
e seu escudo estava se dissolvendo.
Nesse tempo, Noé pega o lenço em seu pescoço e usa de máscara
amarrando frente a sua boca e nariz, ele vai em direção ao trasgo, coma flecha
pronta no arco, mirando em sua fonte, com um disparo a flecha atravessa a
cabeça do trasgo e explode.
Uriel anula seu escudo e gera uma rajada de vento,
dispersando o veneno.
O trasgo cai sem cabeça sobre o selo que o prendia, Noé se
aproxima da criatura com o arco preparado, observa o corpo, observando se ainda
se movia. Tendo visto que nenhum movimento era feito pela criatura, abaixa o
arco e recita algumas palavras, pondo fim ao selo mágico.
Uriel se aproxima de Noé com um sorriso.
_ Excelente habilidade com o arco, como você explodiu a cabeça
dele? Uriel olha surpreso.
_ Usando um selo de explosão preso a flecha.
_ Foi genial, bela dedução sobre o veneno, você é muito esperto
Noé, eu não sabia que era veneno e nem iria deduzir isso, se não fosse por você
eu teria me dado mal.
Um tanto constrangido com o elogio, pois não era normal ouvir
Isso sem ser de seus professores, Noé agradece Uriel.
_ Minha magia vital não é muito boa para combates, embora
existam outras maneiras de se vencer uma luta, eu uso alquimia juntamente com
selos. Noé abre sua bolsa e mostra a Uriel uma diversidade de selos, cada um
com uma propriedade mágica descrita.
_ Eu uso em minhas flechas, para ampliar a força delas, não
posso usar outras magias, mas alquimia é diferente, eu posso colocar um pouco
de essência mágica em selos como esses e usar sua propriedade, mas algumas
devem ser preparadas, que foi o caso da flecha de luz, mas são bem úteis.
Uriel ouvia tudo com atenção, e começava a ficar atônito.
_ Realmente genial, mas acho melhor dispersarmos esse trasgo
para o instituto e voltarmos logo, pelo visto era isso que estava perturbando a
cidade.
_ Concordo, vou usar o tele transporte nele, quer ir junto?
_ Eu passo, vou caminhando, mas não se preocupe, eu sei o
caminho.
_ Tudo bem então, obrigado Uriel, por ter vindo comigo nessa
missão.
Colocando a mão sobre o trasgo morto, Noé aperta uma safira em
sua mão e com um flash de luz azul some.
Uriel fica parado admirando o local onde o trasgo estivera a
segundo atrás, olha para o céu e admira as estrelas.
_ Uma bela noite para caminhar, não acha, Arbus?
Um ser enorme com uma arvore saindo de suas costas se
materializa ao lado de Uriel e assente, e fala em uma voz grossa e suave ao
mesmo tempo.
_ O jovem rapaz é bem habilidoso, mas porque você não lutou a
sério?
Uriel olha Arbus de canto e esboça um meio sorriso.
_ Ele é muito inseguro com relação a sua habilidade, as vezes é
preciso fazer as pessoas se sentirem úteis, assim elas sempre farão o melhor, e
ele é melhor do que imagina, sabe disso.
Arbus concorda.
_ Ele tem um coração puro, e isso não se encontra em todo o
lugar.
Com uma risada rouca Arbus se pronuncia.
_ Parece que você gostou do jovem.
_Pode-se dizer que sim Arbus, pode-se dizer que sim.
Com essas últimas palavras Arbus
some e Uriel segue caminho pela noite, admirando o céu estrelado.
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