Capítulo 01
Laila,
a maga de luz.
O sol forte estampava o céu aquela manhã, já se podia ouvir os
murmúrios que acompanhavam o vento, sobre o torneio que iria se iniciar.
Ninguém
sabia ainda quem representaria as tribos, porém para Miguel não havia escolha,
sendo o último de sua raça, não poderia correr, mas será mesmo que era o último?
Pouco
se sabia sobre a queda dos Gaters, nunca foi uma história certa de como seu
povo chegara ao fim, o motivo era o pavor das demais tribos com relação a uma
raça de magos que poderiam criar contratos com as mais inimagináveis criaturas.
Todos
sabem que o medo nos faz tomar decisões idiotas, porém a ignorância tem maior
parte nisso, o fato de desconhecer um povo tão pacífico e que não seria capaz
de ferir nem a menor joaninha que corre pela folha ao nascer da manhã de
primavera fez com que outros tomassem a decisão de pôr fim a pessoas inocentes,
que nem mesmo sendo atacadas usaram de sua magia em defesa.
Miguel
estava refletindo sobre a forma que abordaria o senhor da noite, como iria se
mostrar a todos, saberiam que ele era o último, lembrar-se-ia de sua origem?
Eram
perguntas sem respostas, porém Miguel estava preparado para o que fosse
acontecer. Esqueci-me de mencionar como Miguel era, sua pele era morena, seus
cabelos eram brancos, seus olhos estampavam o fulgor da batalha e massacre
passado, se podia sentir seu corpo ferver pois sua magia por mais reprimida que
fosse era forte, mas sua natureza pacífica o impedia de ser agressivo por
enquanto.
O
jovem caminhava por uma estrada de terra batida, ainda nos limites de sua vila,
sabia que depois dali era território das outras tribos e já poderia ser
considerado um invasor e ameaça, porém nunca ousou passar os limites da cerca
que fora postada a muito tempo atrás para indicar aos viajantes e curiosos os
limites da tribo dos gaters, informavam a todos que decidiam ir para lá que a
terra perdera a vida e que nada crescia no local.
O
que não era verdade, pois Miguel cultivava belas hortaliças por lá e nunca
passou fome ou coisa do tipo.
Estava
parado sob a cerca observando o longe, quando uma voz feminina veio juntamente
com o sussurro do vento, Miguel correu para trás de uma árvore, não tinha medo
das pessoas, mas não gostava de se revelar a elas.
Uma
garota cantava pelo menos era o que parecia enquanto caminhava, luzes azuis,
violetas e vermelhas rodeavam a jovem toda vez que ela mudava a letra da
música, trajava uma espécie de uniforme escolar japonês clássico junto de uma
capa vermelha, com um belo laço em sua gola, seus cabelos eram negros e sua
pele branca, seus olhos eram de um verde esmeralda que chamou a atenção do
jovem gater.
Laila,
caminhava alegremente, utilizando sua magia, praticando pelo o que podia
perceber, ela parou quando chegou ao limite da tribo, ficou olhando para a
cerca, estava com o pensamento de atravessar pelo menos uma vez.
Ela
olhou para os dois lados, procurando por pessoas perto que pudessem vê-la, mas
não havia ninguém ali, não que ela tenha visto.
Atravessou
a cerca e começou a seguir para o centro da vila de Miguel, o jovem ficou
assustado, a tempos não via alguém para além da cerca e essa garota decidiu ir,
sozinha, enfrentar o desconhecido.
Miguel
foi seguindo Laila de longe, cuidando seus passos, a jovem estava despercebida,
pronunciando algumas palavras que Miguel desconhecia porém conseguia ouvir e
sabia que se tratava de magia.
Laila
parou e ficou assim por breves segundos, Miguel ficou ao longe observando,
estava ocultado pelas sombras de uma árvore, ela não o veria ali.
Ele
pôde ouvir, uma frase ser pronunciada enquanto observava Laila e permaneceu
observando o que iria acontecer.
“Luzes que irradiam pelo caminho que sigo, mostre aquele que me
segue, traga-o a minha frente para que o seu rosto eu possa ver, Lumina”.
Dito
isso, uma forte luz se expandiu do lugar onde Laila estava parada ofuscando a
visão de Miguel, ele sentiu seu corpo ser puxado e cair para frente, Laila se
aproximou e ficou olhando Miguel de cima, esboçou um sorriso e se apresentou.
_
Olá, me chamo Laila, porque estava me seguindo?
Miguel
ficou olhando para a garota sem saber o que responder, estava assustado com o
que acabara de acontecer.
_
Ãnn... olá ...
Pronunciou-o
depois de algum tempo.
Laila
estendeu sua mão para ajudá-lo a sair do chão, Miguel aceitou e ficou de pé,
era mais alto que Laila pelo menos uma cabeça de diferença, porém se sentiu
intimidado pela jovem que acabara pegando-o de surpresa.
_
Novamente, por que estava me seguindo?
Miguel
estava nervoso, nunca falara com alguém de fora, sem ser seus parceiros
contratados, mas voltou ao tempo real e tentou manter a voz calma sem aparentar
que estava nervoso.
_
Nunca vi ninguém vir para esse lado da cerca, fiquei curioso, me chamo Miguel,
como fez aquilo?
Perguntou
subitamente, sem poder se conter, Laila sorriu com a pergunta.
_
É uma forma de magia, utiliza-se palavras combinadas para invocá-la, eu sigo a
doutrina da luz, então toda minha magia é voltada para esse tipo de elemento,
aquilo que usei foi somente um encantamento de revelação, para mostrar onde
você estava, nada demais.
_
Eu achei incrível!! Exclamou Miguel.
Laila
ficou levemente vermelha.
_
Obrigada, mas me diga o que faz aqui, do outro lado da cerca, eu vim somente
olhar e você?
Miguel
ficou meio receoso de falar com a garota, mas algo nela o transmitia confiança.
_
Eu vivo aqui, minha vila fica logo a frente.
Laila
o olhou com espanto, não pode conter sua expressão.
_
Me desculpe, não quis invadir.
_
Tudo bem, não me importo nunca ninguém vem aqui.
Laila
ainda estava analisando a situação, sabia que se meteria em encrenca se alguém
soubesse de sua aventura.
_
Você é um ... Ela manteve a pergunta trancada por breves momentos... _ Mago?
Miguel
ficou olhando para ela, esperava por outra pergunta, porém apenas concordou com
a cabeça.
Laila
expressou alguma forma de alegria, pois seus olhos brilharam com a confirmação
do jovem.
_
Que incrível, poderia me mostrar sua magia? Perguntou ela toda animada.
Miguel
ficou receoso, afinal sua magia em outrora fora alvo das demais tribos, porém
ainda estava com a sensação de confiança com relação a garota.
_
Ok, mas precisamos ira para entre aquelas árvores, não quero que vejam.
Laila
concordou e foi na frente do garoto e ficou sentada em um tronco esperando que
ele agisse.
Miguel
estava um pouco constrangido, ninguém nunca viera para além da cerca e muito
menos pedira para mostrar sua magia.
Ele
se postou no centro da clareira e fechou os olhos.
Um
círculo mágico se formou abaixo de seus pés, emitia uma luz forte e Miguel
começou a pronunciar algumas palavras, fez um pequeno corte em seu dedo
indicador e uma pequena gota de sangue caiu ao chão.
“Aquela que se mostra bela e alegre, que veio ao meu auxílio
quando precisei, mostre agora a sua força juntamente de sua beleza, Agrias eu
te invoco para que possa me ajudar, portão da fada eu te abro”.
Dito
isso um portal se abriu ao chão e dele saiu uma fada, uma pequena fada que
começou a circular Miguel, ficou muito contente por vê-lo.
Miguel
olhou para Laila.
A
garota estava parada, parecia estar em choque, não acreditando no que acabara
de ver, seus olhos estavam abertos de surpresa e medo, suas mãos tremiam
apoiadas ao tronco no qual sentara.
_
Você ... Você ... é um ... Contratante.